domingo, 25 de abril de 2010

Pop Art invade São Paulo


A maior ex
posição de Andy Warhol da América Latina faz temporada na Estação Pinacoteca


Por Kennia Di Andrino





A maior exposição de Warhol já realizada na América Latina, aberta em março, segue na capital paulista até 26 de maio. No primeiro dia da mostra "Andy Warhol, Mr. América", a Estação Pinacoteca em São Paulo recebeu mais de 3 mil pessoas.

Em Bogotá e Buenos Aires, as filas eram permanentes durante toda a temporada. Mais de 250 mil prestigiaram as 169 criações do artista. Também pudera. Considerado “o mestre da pop art” Andy Warhol foi sarcástico, criativo e ousado.

Nos anos 60 reconstruiu através de pinturas, serigrafias, filmes e fotografias os mitos americanos da fama, poder, dinheiro e morte.

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Tudo junto e misturado

. Andy Warhol foi além da esfera da pintura. Interagiu na música empresariando a banda Velvet Underground; na fotografia produziu ensaios polêmicos e no cinema, criou experimentos como “Screen Testes”.

Isso tudo não seria um exagero? Para Herom Vargas, doutor em Comunicação e Semiótica não é exagero algum. Segundo Vargas, Andy Warhol conseguiu romper fronteiras entre as linguagens e soube utilizar uma obra dentro da outra. O especialista lembra das capas de disco da banda Velvet Underground e do símbolo dos Rollings Stones, ambas, criações de Warhol. “Ele soube criar trânsitos e estabelecer pontos entre as linguagens. Pode parecer simples, mas fazer isto com qualidade e consequência não é nada fácil” defende. A artista plástica Vera Lúcia Ribeiro Ricardo, vai além. “Um artista tem que explorar todas as possibilidades e formas de expressão. Assim é possível desenvolver o talento e criatividade”, ressalta.

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Pop Art para que te quero

A Pop Art é movimento surgido na Inglaterra na década de 1950. Entretanto, ganhou notoriedade e repercussão nos EUA a partir de 1960, com obras icônicas de Warhol: Marilyn Monroe (1967) e Campbell’s Soup (1969).

Warhol inovara a arte contemporânea, extinguindo a distinção entre arte erudita e comercial. Pôs em xeque o que era realmente obra de arte e o que era fabricado apenas para o consumo de massa. Introduziu conceitos da publicidade e da fama.

Sobre a superficialidade em que o mundo se encontava, o próprio artista classificou seus trabalhos como “Fácil e sem nenhuma reflexão”. Para Leslye Revely, mestre em Artes Cênicas e professora de História da Arte, o amricano fez de suas obras uma reprodução em série para “expor a repetição da qual somos sempre submetidos, como por exemplo, na publicidade”, destaca.

E com toda razão. Se nos anos 60 estas percepções eram singelas, hoje sem dúvida, elas se tornaram cada vez mais evidentes e violentas. Revely defende “Andy Warhol é um artista completo, pois teve a ideia da interdisciplinaridade em suas obras”.

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Entre a feiura e a beleza

“Não sou um crítico social, simplesmente uso estes objetos nas minhas pinturas. (...) Eu não estou tentando criticar os EUA de forma alguma, não estou tentando mostrar qualquer tipo de feiura”, dizia Warhol.

Feiura, aliás, não fazia parte de sua filosofia de vida. O garoto nascido em Pittsburgh era muito vaidoso. Quando se mudou para Nova York fazia questão de viver cercado de moda e das celebridades mais bonitas. Fez de sua galeria de arte o point dos famosos. Na Factory (fábrica) reunia amigos, artistas e poderosos.

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Artista multimídia

. Produtos consumidos no cotidiano dos americanos foram ilustrados por ele. Garrafas de Coca-cola, sucrilhos Kellog’s e sabão em pó Brillo. Che Guevara, Mao Tsé-Tung, Elvis PresleyMona Lisa não escaparam de versões em série e coloridas. e até “Foi genial mesclar artes plásticas com design visual e comercial”, completa Vera Ricardo .

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Dinheiro e fama, o que há de errado nisso?

A profética frase: "In the future everyone will be famous for fifteen minutes". (No futuro qualquer um será famoso por quinze minutos). Legitima a vontade, que antes considerada pejorativa. Hoje os quinze minutos e fama não é mais considerado um absurdo.

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Alguém aí discorda?

Discorda. Robert Hughes, crítico de arte e antigo cronista da revista Time, em entrevista a revista Veja de 25 de abril de 2007, é acido: “Warhol foi uma das pessoas mais chatas que já conheci, pos era do tipo que não tinha nada a dizer. Sua obra não me toca. Ele até produziu coisas relevantes no começo dos anos 60. Mas no geral, não tenho dúvidas de que é a reputação mais ridiculamente superestimada do século XX”.

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Morte

Aos 59 anos, teve de operar da vesícula. A operação correu bem, mas Andy Warhol morreu no dia seguinte. Sua morte foi súbita. Para quem o conhecia, o fato parecia ter sido previsto por ele. Dias antes Warhol participou de um desfile de moda como se eternizasse, como que por ironia, os seus 15 minutos de fama.


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