sábado, 20 de fevereiro de 2010

Bisturi or not bisturi, thats the question




Certa vez, fui visitar uma amiga no hospital que tinha acabado de fazer uma cirurgia estética. Era natural que ela estivesse com dor, já que a anestesia estava passando.

Sua mãe estava aflita, pois via a filha se revirar no leito, gemer e pedir medicação. Ela sentia a angústia de ver a filha assim, mesmo sabendo que foi a própria quem desejava tal sacrifício. Mães... sempre mães!
Fiquei algumas horas, conversando com a mãe dela e vi minha amiga dormir um pouco depois de tanta agitação. A medicação estava começando a fazer efeito.

Fiquei imaginando,
até onde vale a pena sentir dor para ser recompensada? Não é ser um pouco ser masoquista? Talvez.
Mesmo assim, acho que vale a pena
sim, desde que se saiba que é uma decisão exclusivamente da pessoa e que acarreta suas consequências.

É como decidir ter um filho, para saciar o desejo de ser mãe, salvar o casamento ou simplesmente gerar uma vida, tendo mais um motivo para se preocupar e se dedicar. O desafio é grande, mas a alegria de
ter um filho é muito compensadora!

No entanto, se tratando de estética, é como cultivar este orgulho, só que mais voltado ao seu umbigo (ou nariz, seios, orelhas, depende do que for operar...).

Sim, talvez é um pouco egoísta. Mas
quantas decisões tomamos na vida, pensando em nós mesmos?

Uma proposta de emprego que te fará trabalhar muito mais, porém, trará um retorno financeiro melhor. Daí vale a pena sacrificar horas de lazer, suspender certo tempo com a família e desgastar a saúde...
Tudo em nome do sucesso profissional!

Ou entrar num novo curso, faculdade, pós. Requer mais tempo de estudo, mais dinheiro, mais dedicação e
menos descanso.

Ah...
Tais decisões, ao meu ver, vão muito além do julgamento das pessoas. E se tratando de estética é além do ‘se sentir bonita’. É mexer com a autoconfiança, é renovar antigos planos, é (re)conquistar alguém, é chamar atenção para seu exterior e até evidenciar valores não tão visíveis, como a perseverança, foco e paciência.

Afinal, os corajosos que enfrentam o bisturi, seringas e as dores do pós-operatório, não têm medo dos
desafios. Isso, ninguém pode negar.

Esticar, preencher, encher, sugar, remodelar... Sim... Somos uma massinha de modelar!
Poxa, ao longo da vida somos moldados por nossos pais, família, escola, profissão, opinião, ideologia, experiências, e, o que há de errado em modelar no externo também?

A vida é curta demais pra ficarmos incomodados com algo que pode ser mudado, melhorado.
É uma decisão particular da qual não cabem julgamentos. Assim como trabalhar mais, estudar mais, ter um, nenhum, cinco ou dez filhos.
Cada um tem que definir como deseja ser feliz.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

E pra a imprensa nada! ...Nada mesmo


Desespero de Eloá sob mira do ex-namorado

Fiquei pasma ao ler hoje, que a Secretaria da Segurança Pública publicou ontem norma que ordena aos policias civis e militares a manterem a Imprensa distante de ocorrências com reféns. Como no caso de Eloá Pimentel, 15, morta pelo ex-namorado em Santo André (SP) em outubro de 2008.

Terrível a postura de parte da imprensa com relação a cobertura do sequestro, exemplos das apresentadoras Sonia Abrão, Ana Maria Braga (também jornalistas) e Ana Hickman.

Podia ter dado certo as entrevistas com o sequestrador, ao vivo, para estimular o criminoso a desistir. Mas não deu. Pelo contrário, deu mais foco a ele e a menina foi morta. Será que as apresentadoras e emissoras queriam o mérito de ter feito Lindemberg Fernandes desistir?

Que know how estas mulheres têm como psicólogas ou assistentes sociais em lidar com situações de risco? Ou pior, em negociar a rendição de um criminoso ou a vida de um refém?

Este não é o papel da comunicação. Nem do jornalista. A imprensa pode sim estar presente. Pois só o 'estar presente' já reafirma o dever social (em noticiar o que é de interesse público), e talvez, reafirmar alguma garantia para o sequestrador em negociação com a polícia, feita ali, frente às câmeras. Dar o flagrante ou o furo de reportagem, conseguindo material exclusivo para ser exibido é sempre bem vindo aos jornalistas. Porém nesses casos, cabe à polícia resolver. Independete de ter sido bem ou mal sucedida. É à polícia a quem é conferida este poder.

Na sucessão de erros da própria polícia (em esperar mais de cem horas para dar um desfecho no caso), cabe agora se apoiar no repugnante papel da imprensa que fez da tragédia um espetáculo e piorou a segurança dos envolvidos.

Daí desconta-se em todos por conta dos oportunistas como o falecido programa 'Aqui, Agora' (que se metia em frequentes tiroteios, confusões e sequestros a fim de registá-los) que garantem o show de violência na TV e 'tentam ajudar a polícia na negociação' com os bandidos que ameaçam matar reféns. Todos tentam ser heróis.


Triste ver que o papel dos profissionais em comunicação devem ser delimitados com normas, afim de não interferir no que não é de sua alçada. Sonia Abrao retrucou dizendo que cumpria sua "função de jornalista".

Alguém aí pode esclarecer qual foi?